AS NOSSAS ORIGENS

Corria o ano de 1449, sob regência de D. Afonso V, as terras de Chamusca e Ulme são doadas a D. Ruy Gomes da Silva, que por essa ocasião aqui fixa a sua residência. A Chamusca, era inicialmente integrada no termo de Santarém, sendo mais tarde elevada a vila e sede de concelho, juntamente com Ulme, por alvará de 1561, na regência de D. Catarina.

É testemunho de pertença à famosa “Casa dos Silvas”, o leão rampante de púrpura e armado de azul, do seu brasão de família, de meados do século XV até à Restauração. Património que ainda hoje perdura, sendo parte integrante no Brasão de Armas da Vila da Chamusca (aprovado em Maio de 1934 pelo Governo de então).

A partir de 1643, após o reinado dos Filipes, passou a integrar o património da Casa das Rainhas, tendo-se mantido nesta situação até à época liberal (1833). Por aqui passaram algumas das mais importantes figuras da história de Portugal, nomeadamente as hostes de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e o Rei D. Manuel, entre outros. Dos grandes feitos do povo chamusquense, destaque-se a sua atitude no tempo das “Invasões Francesas” quando, para defender a sua terra, os pescadores queimaram muitos dos seus barcos (cerca de 75 embarcações) para evitar a passagem da tropas Francesas que estavam aquarteladas na outra margem do rio.

Intimamente ligada à história de Portugal por numerosas efemérides, a Vila da Chamusca é do ponto de vista urbanístico uma povoação interessante de casario branco, onde humildes casas rurais se cruzam com casas senhoriais que sobreviveram ao passar dos tempos, nas ruas calmas deste lugar que tem nos seus domínios um forte Património Arquitectónico e Artístico, como são exemplo as muitas Igrejas aqui erguidas:

Igrejas Matriz de São Brás (século XVI, a mais antiga da Chamusca) e da Misericórdia (século XVII), as Igrejas de São Francisco e de São Pedro (século XVII), as Ermidas de Nossa Senhora do Pranto (século XVIII) e a do Senhor do Bonfim.

A Chamusca, preserva ainda alguns edifícios e pormenores apreciáveis e um traçado urbano aliciante que merece uma visita a pé. As vistas sobre a lezíria que se alcançam das suas belas colinas, são das mais vastas e deslumbrantes de Portugal. Foram famosos os seus vinhos produzidos nas terras da Rainha e muito apreciados na Corte. Quando o Marquês de Pombal mandou arrancar as Vinhas do Ribatejo, as da Chamusca foram por isso poupadas. A Chamusca teve barcas de passagem em diversos portos ao longo do rio Tejo, dos quais ainda subsiste a que liga o Arripiado a Tancos.

Todavia a principal ligação entre as duas margens é assegurada pela Ponte da Chamusca desde 4 de Novembro de 1909, sendo esta, construída por iniciativa do grande benemérito da Vila de Chamusca, o Dr. João Joaquim Isidro dos Reis (1849-1924), no início do Século XX. A Chamusca é nos dias de hoje uma bonita Vila Portuguesa, no coração do Ribatejo, onde o Rio Tejo impera e caracteriza.